terça-feira, 14 de setembro de 2010
CARTÃO POSTAL ESTÁ AMEAÇADO - JORNAL PIONEIRO
Associação de agrônomos solicitou providências à prefeitura, que garante estar agindo para resolver Caxias do Sul – Cartão postal caxiense, os plátanos do Parque dos Macaquinhos estão doentes. O alerta é da Associação dos Engenheiros Agrônomos da Encosta Superior do Nordeste (Aeane), que enviou um documento à prefeitura solicitando providências. Segundo o presidente da entidade e ex-secretário municipal de Planejamento do governo Pepe Vargas (PT), Mauro Cirne, as árvores estão sofrendo ataques de parasitas conhecidos por erva de passarinho, uma espécie de cipó que fixa as raízes nos galhos, além da proliferação de fungos. O município reconhece o problema e garante estar agindo para resolvê-lo.
Na avaliação de Cirne, o mais grave são os fungos, que podem encurtar a vida de plátanos que durariam mais de 100 anos:
– Os fungos estão se disseminando rápido. Pelo menos duas plantas já estão mortas e oito, contaminadas.
Não foram feitos testes, mas o agrônomo diz que podem ser fungos dos gêneros Botryosphaeria ou Fusarium. Os fungos podem causar a morte de ramos ou de árvores de grande porte. As espécies apresentam pequenos buracos no tronco, por onde escorre um líquido escuro.
A erva de passarinho pode ser vista em praticamente todos os plátanos do parque. De acordo com o ex-secretário, eles sofrem com o enfraquecimento e a quebra de galhos. Conforme a erva suga a seiva, ela se desenvolve e faz peso nos galhos.
– O desenvolvimento da erva de passarinho sem controle pode deixar os plátanos com deformações permanentes, principalmente se já forem mais antigos. Há plantas atingidas que têm mais de 60 anos – destaca Cirne.
Existem várias espécies de erva de passarinho. Duas podem ser vistas no parque, a de folha miúda e a de folha graúda. O engenheiro explica que o problema do parasita só pode ser resolvido com a poda e a retirada total da erva:
– A graúda é mais fácil de eliminar. Já a pequena, se deixar só um pedacinho ela brota novamente.
Para combater o fungo, o presidente da Aeane esclarece que as árvores mais comprometidas devem ser arrancadas e eliminadas, para não aumentar o nível de contaminação. As que apresentam pequenos sintomas podem ter a casca raspada e a aplicação de um produto que vede os buracos. Outra recomendação é que, no momento que as plantas forem podadas, sejam tomados os cuidados de desinfetar a serra quando passar de uma planta para outra, além de cobrir as áreas cortadas com um produto especial para não deixar a região exposta e vulnerável.
No documento entregue à prefeitura no dia 27 de agosto, a Aeane se coloca à disposição para apoio técnico necessário.
francine.ghiggi@pioneiro.com diego.adami@pioneiro.com
FRANCINE GHIGGI E DIEGO ADAMI
Números
De acordo com a bióloga Tatiane Misturini Fiorio, somente em agosto foram plantadas 1.150 árvores em parques, praças, jardins e passeios públicos da cidade. De janeiro a julho, segundo ela, o total foi de 6,6 mil plantas, todas de espécies nativas da região.
Fungos Botryosphaeria e Fusarium *
- Podem afetar várias espécies de plantas quando estas vegetam em condições de estresse
- Penetram através de feridas
- Progridem para o interior dos tecidos
- Produzem toxinas e tiloses (células irregulares) nos vasos
- Podem matar ramos ou árvores de grandes dimensões
Erva do passarinho (Struthanthus flexicaulis) **
- É um vegetal parasita que possui inúmeras espécies
- Ela é transmitida de uma árvore a outra através do excremento dos passarinhos, que se alimentam da semente da planta e fabricam suco gástrico que favorece a germinação
- A erva emite raízes especiais que penetram no caule e nos ramos da planta hospedeira, sugam a seiva e causam degeneração
- De acordo com a Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná (Fupef), o tempo de vida da árvore, após a contaminação, depende de sua espécie, da qualidade do solo e de seu nível de estresse, que está ligado a danos na calçada próxima ao local onde esteja fixada e ao nível de poluição do ar no lugar onde vive
- O combate é feito única e exclusivamente através da poda, que deve ser feita preferencialmente durante o inverno, pois as folhas das árvores secam e a praga fica mais visível
Fonte: * Fonte: Relatório do Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa **Fonte: www.floresta.ufpr.br
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