por Fabiana Seferin
23/04/2012 às 10:49
Defesa argumenta que vítima confundiu o ladrão com o esportista Adilson Nagildo, detido há mais de 40 dias.
Amigos e familiares do maratonista Adilson Nagildo, de 40 anos, detido há mais de 40 dias na Penitenciária Industrial de Caxias do Sul, estão mobilizados para reivindicar a libertação do esportista. De acordo com o grupo, ele teria sido preso por engano após o roubo de um carro, em março. Uma manifestação em frente ao fórum já está marcada para 3 de maio, data em que ocorre a primeira audiência do processo.
A defesa alega que a vítima, um corretor de imóveis, teria confundido o maratonista com o assaltante que levou seu carro e objetos eletrônicos, no final da tarde do dia 11 de março. Segundo o advogado Maico Agostinetto, Nagildo foi preso pela Brigada Militar no local onde o veículo roubado havia sido abandonado. A prisão ocorreu quando ele telefonava de um orelhão à empresa onde trabalha como bike-boy, para saber sobre o roteiro de entregas do dia seguinte.
“No horário do assalto, ele fazia compras em um supermercado, depois foi telefonar. As câmeras de segurança flagraram isso. Houve um grande engano”, argumenta Agostinetto.
Companheiros de maratona de Nagildo estão indignados com o que consideram injustiça.
“Ele sempre foi muito honesto. A vítima se confundiu. Informou que fora assaltado por dois homens e que Nagildo tinha dirigido o seu carro, o que é impossível, porque ele nem sabe dirigir “, diz o amigo Cassiano Benedetti.
O corretor de imóveis que foi vítima do roubo não quis falar à reportagem de O CAXIENSE sobre o assunto.
“Não quero mais me envolver em tudo isso”, justificou.
A revolta dos famíliares de Nagildo chegou à comissão de Direitos Humanos da Câmara de Vereadores, que se sensibilizou com a causa. Durante uma sessão, a vereadora Ana Corso (PT) pediu agilidade na realização da primeira audiência para que o acusado pudesse se defender:
“Não é a primeira vez que se prende alguém que não tem nada a ver com o assunto,” protestou a parlamentar.
Outros vereadores reforçaram o apelo da petista e defenderam a lisura do maratonista.
O titular da Delegacia de Furtos, Roubos e Capturas (Defrec), Caio Fernandes, afirma que, durante a investigação, encontrou elementos suficientes para incriminar o esportista.
“A vítima reconheceu Nagildo no local do crime, na Delegacia de Polícia e durante o depoimento policial. Ele afirmou sem sombra de dúvidas, inclusive depois de ver fotografias, que o acusado era o mesmo que tinha dirigido seu automóvel. A polícia é imparcial. Todas as circunstâncias levaram a crer que o acusado era mesmo o bandido”, explica o delegado, que encaminhou o inquérito policial ao Ministério Público.
Nagildo, que há mais de 40 dias está na Penitênciária Industrial de Caxias do Sul (Pics), teve dois pedidos de revogação da prisão preventiva negado. A audiência de instrução ouvirá as partes e testemunhas. O advogado de defesa está confiante de que o juiz soltará seu cliente já nesta primeira audiência.
“Caso Nagildo seja julgado inocente, ele poderá processar a vítima do roubo por denunciação caluniosa e por ter sido preso injustamente”, alerta Agostinetto.
Nagildo é considerado pelo advogado uma pessoa incapaz de fazer mal, porém não é mais réu primário. Segundo o advogado, ele foi condenado pela Justiça após ter se envolvido em uma briga há alguns anos. Foi depois disso que se tornou maratonista.
A família do esportista, que mora em Itapema (SC), também está na cidade para pedir justiça.
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