26/06/2012
Abuso de autoridade é repudiado
Jovem teria sido agredido na última sexta-feira. Familiares e policiais apresentam versões divergentes
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Cerca de 50 pessoas protestaram ontem, no Sanvitto, contra suposta agressão cometida por policiais contra o jovem Cleyton Tartari do Amaral
Foto: Gabriel Lain
No final da tarde da última segunda-feira, parentes, vizinhos e amigos de Cleyton Tartari do Amaral, 20 anos, se reuniram em frente à loja de material de construção da família, no bairro Sanvitto, para protestar contra uma agressão que ele teria sofrido na última sexta-feira. A manifestação pacífica, que clamava por justiça, reuniu cerca de 50 pessoas.
O rapaz relata que estava no pátio de casa andando de moto, quando dois soldados do policiamento comunitário pediram que ele desligasse o veículo, pois estaria perturbando os vizinhos.
“Neste momento, questionei eles para saber por que não iam cuidar de assuntos realmente importantes, uma vez que já havia guardado a moto. Foi aí que eles se alteraram e falaram que me levariam preso por desacato a autoridade”, conta o jovem.
“Neste momento, questionei eles para saber por que não iam cuidar de assuntos realmente importantes, uma vez que já havia guardado a moto. Foi aí que eles se alteraram e falaram que me levariam preso por desacato a autoridade”, conta o jovem.
O pai de Cleyton, Helio Mello do Amaral, 50, tentou impedir a entrada dos policiais em casa, mas não conseguiu. No intuito de proteger o filho, entrou em confronto com os PMs, que o teriam agredido com socos.
“Eles me arrastaram para dentro da viatura e impediram minha mãe de entrar no veículo. Eu estava algemado. Ao invés de me levarem diretamente à delegacia, fui levado a uma rua sem saída no bairro Cinquentenário”, relata Cleyton.
“Eles me arrastaram para dentro da viatura e impediram minha mãe de entrar no veículo. Eu estava algemado. Ao invés de me levarem diretamente à delegacia, fui levado a uma rua sem saída no bairro Cinquentenário”, relata Cleyton.
No bairro, ele recorda que foi jogado no chão e que levou muitos chutes e pontapés nos testículos. O rapaz ainda foi agredido com socos no rosto e ameaçado com uma arma.
“Eles davam tiros para o lado e diziam que me matariam. Acredito que a agressão durou cerca de meia hora”, diz.
“Eles davam tiros para o lado e diziam que me matariam. Acredito que a agressão durou cerca de meia hora”, diz.
Ao chegar à delegacia, o garoto encontrou pais e amigos que foram ao local para defender Cleyton e acabaram detidos também.
“Ficamos na delegacia até as 2h. Depois, fiz exame de corpo de delito e registrei ocorrência. Essa manifestação é contra o abuso da agressão. Reconheço que talvez tenha errado também, mas só quis me defender. A agressão foi desnecessária, não tem explicação”, garante.
“Ficamos na delegacia até as 2h. Depois, fiz exame de corpo de delito e registrei ocorrência. Essa manifestação é contra o abuso da agressão. Reconheço que talvez tenha errado também, mas só quis me defender. A agressão foi desnecessária, não tem explicação”, garante.
O pai do rapaz diz que a ação foi banal e sem explicação.
“Tenho 50 anos. Em toda a minha vida não conhecia delegacia e nem algemas. Esses policiais invadiram a minha casa, nos dando socos e pontapés e ameaçando os vizinhos com arma. Só agradeço a Deus por ter meu filho de volta, por não ter deixado ele morrer”, afirma.
“Tenho 50 anos. Em toda a minha vida não conhecia delegacia e nem algemas. Esses policiais invadiram a minha casa, nos dando socos e pontapés e ameaçando os vizinhos com arma. Só agradeço a Deus por ter meu filho de volta, por não ter deixado ele morrer”, afirma.
Para a vereadora Ana Corso (PT), integrante da Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Segurança da Câmara Municipal, o ato caracteriza-se como tortura.
“A Comissão vai levar a denúncia ao Ministério Público para esclarecimento dos fatos. Isso não pode ficar impune. Os policiais não teriam por quê agredir o rapaz. Os familiares estão revoltados”, diz a parlamentar.
“A Comissão vai levar a denúncia ao Ministério Público para esclarecimento dos fatos. Isso não pode ficar impune. Os policiais não teriam por quê agredir o rapaz. Os familiares estão revoltados”, diz a parlamentar.
Cleyton é estudante de engenharia e não tem passagem pela polícia.
BRIGADA MILITAR DIVERGE
BRIGADA MILITAR DIVERGE
De acordo com o comandante do 12º BPM, major Jorge Emerson Ribas, na noite de sexta-feira os policiais foram chamados para apurar um caso de perturbação do sossego. O jovem estaria fazendo barulho com uma motocicleta. Os próprios policiais, que realizavam o patrulhamento comunitário, relataram terem ouvido o barulho.
Conforme o major, os PMs foram até a casa do rapaz para adverti-lo, mas ele teria dito palavras de baixo calão aos policiais. Ao tentar prendê-lo por desacato, o jovem resistiu e teria agredido os servidores. Nesse momento, mais quatro pessoas tentavam impedir a prisão, contra os dois policiais, que precisaram reagir para conter as pessoas.
“Será instaurada uma sindicância nos próximos dias para apurar o caso e se houve abuso. Todas as partes serão ouvidas. Mas quero deixar claro que nunca houve nenhum tipo de reclamação de uso da violência por parte desses policiais. O trabalho deles sempre foi elogiado”, destaca o major.
Os dois policiais envolvidos no caso continuam no policiamento comunitário do bairro.
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