MORTES DE JOVENS
Vila clama
por ajuda
Caxias do Sul – A comunidade do
Euzébio Beltrão de Queiróz aproveitou a audiência pública promovida ontem pela
Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente. Diante
de autoridades municipais e estaduais reunidas para debater ações contra a onda
de assassinatos de jovens no bairro conhecido como Vila do Cemitério, moradores
desabafaram. Pediram atenção do poder público, exigiram serviços sociais
básicos.
– Não adianta lembrar de nós só pelos
homicídios. Tem muito trabalhador lá. Não temos assistência comunitária. A
única secretaria municipal que aparece lá é a da Cultura. Temos pobreza, gente
com tuberculose. Temos de agradecer à Brigada Militar, porque se a polícia não
fizesse a parte dela, seria muito pior. Estamos apavorados. Viemos aqui
implorar, precisamos de ajuda – declarou o líder comunitário Paulo Roberto da
Rosa Teixeira, após assistir a quase duas horas de discursos das autoridades
que ocuparam o tempo expondo trabalhos em suas áreas de atuação.
Presidente do bairro, Elias José
Saboleski acrescentou:
– Precisamos de projetos sociais para
as crianças, para elas não serem acolhidas pelas pessoas erradas. Esses jovens
que morrem, na verdade, são crianças que acabam se matando com as próprias
armas.
– O Euzébio Beltrão de Queiróz é um
vácuo dentro da cidade. Com medidas simples, de urbanização e de saúde,
poderíamos caminhar para uma solução. Se tivesse um trabalho efetivo, não
precisaríamos pagar o preço da violência – afirmou o padre Gilnei Fronza, da
Pastoral da Criança.
Diante dos pedidos da comunidade,
houve representante do poder público reclamando da dificuldade de servidores
entrarem na vila e atenderem moradores. Foi o caso de Vanice Fontanella,
coordenadora do Núcleo de Atenção à Saúde Mental da Secretaria Municipal da
Saúde. Segundo ela, uma equipe do órgão foi impedida de entrar no bairro para
realizar serviços por uma pessoa armada. O líder comunitário rebateu Vanice,
afirmando que esse tipo de problema não ocorre.
Representantes dos governos estadual
e municipal fizeram explanações sobre trabalhos já realizados na cidade, mas
sem anunciar alguma medida imediata para a Vila do Cemitério. O coordenador
estadual de policiamento comunitário, coronel Júlio César Marobin, levantou a
possibilidade do bairro receber policiamento comunitário, até dezembro. O
projeto, iniciado nest
e ano na cidade, consiste em colocar
PMs morando junto à comunidade. Nesse caso, o Euzébio Beltrão de Queiróz faria
parte dentro de um núcleo também formado pelos bairros Cinquentenário II e
Marechal Floriano.
De acordo com o coronel, a Vila do
Cemitério não entrou na primeira parte do policiamento comunitário porque na
etapa inicial levou-se em conta bairros com maiores índices de furto e roubo, o
que não seria o caso do Euzébio Beltrão de Queiróz. Nele, os maiores problemas
são relacionados ao tráfico de drogas e mortes entre criminosos.
O encontro não resultou em ações mais
efetivas. Mas, na avaliação da vereadora Ana Corso, ele serviu para o poder
público expor à comunidade suas políticas e iniciar uma união de esforços para
agirem no bairro.
– Os moradores têm espaço lá dentro
que precisam ser ocupados por projetos sociais, a exemplo do que vem ocorrendo
nos bairro Cânyon, Vila Lobos e Vergueiros 1 e 2, onde os problemas da
violência está sendo resolvido – comentou Ana, destacando que a Frente
Parlamentar fará novos encontros com a comunidade e as autoridades para ver se
as políticas públicas serão implantadas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário