terça-feira, 12 de junho de 2012

JORNAL PIONEIRO


MORTES DE JOVENS
Vila clama por ajuda




Caxias do Sul – A comunidade do Euzébio Beltrão de Queiróz aproveitou a audiência pública promovida ontem pela Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente. Diante de autoridades municipais e estaduais reunidas para debater ações contra a onda de assassinatos de jovens no bairro conhecido como Vila do Cemitério, moradores desabafaram. Pediram atenção do poder público, exigiram serviços sociais básicos.

– Não adianta lembrar de nós só pelos homicídios. Tem muito trabalhador lá. Não temos assistência comunitária. A única secretaria municipal que aparece lá é a da Cultura. Temos pobreza, gente com tuberculose. Temos de agradecer à Brigada Militar, porque se a polícia não fizesse a parte dela, seria muito pior. Estamos apavorados. Viemos aqui implorar, precisamos de ajuda – declarou o líder comunitário Paulo Roberto da Rosa Teixeira, após assistir a quase duas horas de discursos das autoridades que ocuparam o tempo expondo trabalhos em suas áreas de atuação.

Presidente do bairro, Elias José Saboleski acrescentou:

– Precisamos de projetos sociais para as crianças, para elas não serem acolhidas pelas pessoas erradas. Esses jovens que morrem, na verdade, são crianças que acabam se matando com as próprias armas.

– O Euzébio Beltrão de Queiróz é um vácuo dentro da cidade. Com medidas simples, de urbanização e de saúde, poderíamos caminhar para uma solução. Se tivesse um trabalho efetivo, não precisaríamos pagar o preço da violência – afirmou o padre Gilnei Fronza, da Pastoral da Criança.

Diante dos pedidos da comunidade, houve representante do poder público reclamando da dificuldade de servidores entrarem na vila e atenderem moradores. Foi o caso de Vanice Fontanella, coordenadora do Núcleo de Atenção à Saúde Mental da Secretaria Municipal da Saúde. Segundo ela, uma equipe do órgão foi impedida de entrar no bairro para realizar serviços por uma pessoa armada. O líder comunitário rebateu Vanice, afirmando que esse tipo de problema não ocorre.

Representantes dos governos estadual e municipal fizeram explanações sobre trabalhos já realizados na cidade, mas sem anunciar alguma medida imediata para a Vila do Cemitério. O coordenador estadual de policiamento comunitário, coronel Júlio César Marobin, levantou a possibilidade do bairro receber policiamento comunitário, até dezembro. O projeto, iniciado nest
e ano na cidade, consiste em colocar PMs morando junto à comunidade. Nesse caso, o Euzébio Beltrão de Queiróz faria parte dentro de um núcleo também formado pelos bairros Cinquentenário II e Marechal Floriano.

De acordo com o coronel, a Vila do Cemitério não entrou na primeira parte do policiamento comunitário porque na etapa inicial levou-se em conta bairros com maiores índices de furto e roubo, o que não seria o caso do Euzébio Beltrão de Queiróz. Nele, os maiores problemas são relacionados ao tráfico de drogas e mortes entre criminosos.

O encontro não resultou em ações mais efetivas. Mas, na avaliação da vereadora Ana Corso, ele serviu para o poder público expor à comunidade suas políticas e iniciar uma união de esforços para agirem no bairro.

– Os moradores têm espaço lá dentro que precisam ser ocupados por projetos sociais, a exemplo do que vem ocorrendo nos bairro Cânyon, Vila Lobos e Vergueiros 1 e 2, onde os problemas da violência está sendo resolvido – comentou Ana, destacando que a Frente Parlamentar fará novos encontros com a comunidade e as autoridades para ver se as políticas públicas serão implantadas.

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