21/04/2011 COTIDIANO
GILBERTO BLUME
INTERESSES E INTERÉSSES
A Câmara de Vereadores protagonizou terça-feira, ao vivo, uma das mais bem acabadas definições que até hoje se conseguiu dar à política, mesmo involuntariamente, mas que se incrustou definitivamente na história brasileira.
Numa palavra, o saudoso Leonel Brizola decretou:
“Interésses”.
Assim, com acento agudo, os interésses são o que movem os políticos, às vezes muito mais os partidos e coligações, a fim de preservar a própria fachada e evitar desgastes desnecessários aos... interésses.
Não há outra explicação que não os interésses para justificar que os vereadores não aprovem um pedido de informações. Se um “nobre par”, como os próprios se denominam, tem alguma dúvida a respeito de alguma ação da prefeitura, parece natural que todos, todos, subscrevam sob a dúvida. Não é assim natural, porém. Em alguns momentos e mediante alguns interésses, o nobre par deixa de ser nobre e deixa de ser par.
Por que não aprovar um pedido de informações? Um pedido de informações, afinal, é só isso: um pedido de informações.
Ou não?
Depende. Depende de quê?
Depende dos interésses.
Os interésses, todavia, contêm (ou deveriam conter) um detalhe pra lá de fundamental na arte (arte?) política: a quem interessa aprovar ou desaprovar um pedido de informações? Bem, para mim, para você, para nós, certamente não interessa. Interessasse, o pedido de informações seria aprovado com unanimidade.
Como não interessa a nós, como interessa somente aos interésses, a maioria dos nobres pares vota contra o pedido de informações.
Tem outra máxima, vizinha dos interésses do Brizola: na dúvida, investigue, permita, se esforce para que as informações venham à tona.
Assim como é, a dita democracia é muito mais da boca para fora do que de fato democrática. Democracia, quando praticada na ponta do lápis, quando baseada apenas em votos, atende sempre a interésses, jamais aos nossos interesses.
Embora a Câmara decidiu não ter interésse em saber, eu e nós todos temos interesse em conhecer e ver esclarecidas todas as dúvidas que algum nobre par levanta.
Seja de que partido for.
Nós, cidadãos, temos interesses.
GILBERTO BLUME
INTERESSES E INTERÉSSES
A Câmara de Vereadores protagonizou terça-feira, ao vivo, uma das mais bem acabadas definições que até hoje se conseguiu dar à política, mesmo involuntariamente, mas que se incrustou definitivamente na história brasileira.
Numa palavra, o saudoso Leonel Brizola decretou:
“Interésses”.
Assim, com acento agudo, os interésses são o que movem os políticos, às vezes muito mais os partidos e coligações, a fim de preservar a própria fachada e evitar desgastes desnecessários aos... interésses.
Não há outra explicação que não os interésses para justificar que os vereadores não aprovem um pedido de informações. Se um “nobre par”, como os próprios se denominam, tem alguma dúvida a respeito de alguma ação da prefeitura, parece natural que todos, todos, subscrevam sob a dúvida. Não é assim natural, porém. Em alguns momentos e mediante alguns interésses, o nobre par deixa de ser nobre e deixa de ser par.
Por que não aprovar um pedido de informações? Um pedido de informações, afinal, é só isso: um pedido de informações.
Ou não?
Depende. Depende de quê?
Depende dos interésses.
Os interésses, todavia, contêm (ou deveriam conter) um detalhe pra lá de fundamental na arte (arte?) política: a quem interessa aprovar ou desaprovar um pedido de informações? Bem, para mim, para você, para nós, certamente não interessa. Interessasse, o pedido de informações seria aprovado com unanimidade.
Como não interessa a nós, como interessa somente aos interésses, a maioria dos nobres pares vota contra o pedido de informações.
Tem outra máxima, vizinha dos interésses do Brizola: na dúvida, investigue, permita, se esforce para que as informações venham à tona.
Assim como é, a dita democracia é muito mais da boca para fora do que de fato democrática. Democracia, quando praticada na ponta do lápis, quando baseada apenas em votos, atende sempre a interésses, jamais aos nossos interesses.
Embora a Câmara decidiu não ter interésse em saber, eu e nós todos temos interesse em conhecer e ver esclarecidas todas as dúvidas que algum nobre par levanta.
Seja de que partido for.
Nós, cidadãos, temos interesses.
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