terça-feira, 13 de abril de 2010

Câmara de Vereadores aprova repasse de R$ 100 mil a documentário - O CAXIENSE

por Valquíria Vita



A Câmara de Vereadores aprovou no final da tarde desta terça (13) o repasse de R$ 100 mil ao produtor Cícero Aragon, responsável pela realização do documentário Caxias do Sul: Tradição e Inovação de um Povo. O valor será uma contribuição do município ao filme, que está orçado em R$ 774 mil. O projeto foi aprovado por 10 votos a 6.



Os votos contrários ao repasse foram da bancada do PT, composta por Ana Corso, Rodrigo Beltrão, Denise Pessôa e Marcos Daneluz, e dos vereadores Renato Nunes (PRB) e Daniel Guerra (PSDB). Votaram a favor os vereadores Assis Melo e Renato Oliveira (PC do B), Alaor de Oliveira, Ari Dallegrave, Mauro Pereira e Geni Peteffi (PMDB), Gustavo Toigo e Vinicius Ribeiro (PDT), Arlindo Bandeira (PP) e Édio Elói Frizzo (PSB).



Artistas e produtores culturais de Caxias ocuparam muitas das cadeiras das arquibancadas do plenário, um deles segurando um cartaz com os dizeres “Eu apoio a cultura local” e outros com cartazes de “Eu também quero R$ 100 mil”.



A vereadora Ana Corso (PT), a primeira a se manifestar, disse que a exposição de motivos enviada à Casa é “atrapalhada”, porque além de afirmar que o documentário seria exibido na Festa da Uva, pedia o repasse da verba a Cícero Aragon, e não à empresa produtora.


“Esses R$ 100 mil são coisa inédita. Se eles querem esse valor, têm que ir nas comissões de avaliação como todo mundo, elas existem para evitar superfaturamento”, disse Ana, sob aplausos dos produtores.

“É um desrespeito com os artistas que estão aqui. Se eles soubessem que existe esta possibilidade de doação de R$ 100 mil, certamente estaria cheio de projetos na mesa do secretário. Tem um ditado que diz ‘ganhou, mas não levou’. A gente sabe que não tem voz suficiente aqui, mas a gente tem a favor a opinião pública”, disse a vereadora, já prevendo a derrota antes da votação.


O vereador Daneluz (PT) apoiou Ana, dizendo que o partido é favorável à produção de um documentário sobre a cidade, mas que deve ser discutida a forma como o repasse está sendo feito.
“Eu acho que a intenção do secretário (da Cultura, Antonio Feldmann) foi boa, mas errou na forma. Tem tempo. Dá para retirar o projeto e começar tudo de novo, porque o jeito como está vai ficar constrangedor para Caxias”, afirmou Daneluz.


A confiança no trabalho do secretário da Cultura guiou a fala do vereador Mauro Pereira (PMDB), que diz acreditar no sucesso do filme:


“O que esses produtores todos que estão aqui devem pensar? Nós acreditamos no que o governo federal colocou, que o filme é bom. Temos que mostrar que trabalho de Brasília que aprovou esse filme não foi bem feito? Estamos assistindo oposição aos projetos aprovados pelo próprio partido”.

Rodrigo Beltrão (PT), ao rebater às críticas de Pereira, foi fortemente aplaudido pela plateia, o que levou o presidente da Câmara, Harty Moisés Paese (PDT), a pedir silêncio da plateia pela segunda vez na sessão.


“O Feldmann largou a responsabilidade para a Câmara. O que acontecer aqui pode reverter na Justiça depois, porque isso é uma burla à lei das licitações”, disse, referindo-se à exigência de licitação para projetos a partir de R$ 15 mil.


Geni Peteffi (PMDB) respondeu a Beltrão chamando-o de “menino chorão da casa”, depois de se irritar com as dúvidas suscitadas pelo vereador sobre a idoneidade do projeto.

“Precisamos de um filme que retrate as paisagens da cidade, e que conte com esses depoimentos. Votamos repasse de R$ 400 mil para o memorial Irmãos Bertussi e ninguém reclamou”, afirmou Geni.

“Apresentou o projeto, o projeto é dele. Como isso vai ser licitado? Não podemos criar questões. É importante investir na cultura ou não? Vai ser um documentário histórico sobre a cidade”, disse Assis Melo (PC do B), acabando com as dúvidas que rondavam seu voto e posicionando-se a favor da liberação da verba.
Renato Nunes (PRB) pediu a retirada do projeto:
“Caxias merece o melhor. Mas a forma como foi feito, sem licitação, pegando um atalho, sou totalmente contra”.

Voto favorável ao repasse, Ari Dallegrave (PMDB) disse que “já viu esse filme na Casa” e que a oposição “achou o flanco para bater”.

“É injusto quem tem a tribuna tentar passar essa mentira para fora. O pior mentiroso é intelectual, que tenta passar para a sociedade que isso é uma injustiça. O Financiarte é rotineiro, o caso que vamos votar é excepcional”, explicou.

O vereador Gustavo Toigo (PDT) usou um depoimento extraído do trailer do documentário, da professora Kenia Pozenato, em uma fala que diz: “Caxias cresceu demais em pouco tempo. Eu amo Caxias do Sul”.



“A situação deve ser compreendida olhando para o futuro. Melhor pecar pela ação do que pela omissão”, disse Toigo.



“Esse filme poderia estar buscando (verba) numa LIC (Lei de Incentivo à Cultura). O processo de seleção tem que ser mais transparente. Dizer que vamos furar a fila de repasses de cultura atinge o Financiarte. Pra que esperar avaliação se vem empresa de fora que não precisa se justificar?”, questionou Denise Pessôa (PT).



Finalizando a discussão, que durou cerca de duas horas, Édio Elói Frizzo (PSB) disse que este é um ano excepcional para a cidade, e que por isso votaria a favor

por Valquíria Vita

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