quarta-feira, 14 de abril de 2010

FILME GARANTE R$ 100 MIL

ANA ACUSOU O PREFEITO DE DESRESPEITAR ARTISTAS LOCAIS

Por 10 votos as seis, os vereadores aprovaram o polêmico repasse do dinheiro para a produção de documentário. Produtora promete documentário para junho Caxias do Sul – Em meio a protestos da classe de artistas caxienses, o projeto da prefeitura de repasse de R$ 100 mil para a produção de um filme sobre a cidade foi aprovado por 10 votos favoráveis e seis contrários. Impedidos de se manifestar falando pelo rito do Legislativo, os produtores locais encontraram outra forma de se posicionar: usando nariz de palhaço e fazendo cartazes de improviso com a seguinte frase: “Também quero R$ 100 mil.” Oposição e situação protagonizaram uma guerra ideológica para defender suas posições. Além dos argumentos favoráveis ao investimento por parte da prefeitura, os parlamentares da base governista tiveram de se desdobrar para fazer a defesa do secretário municipal da Cultura, Antonio Feldmann.


A transferência dos recursos públicos para o produtor executivo do documentário Caxias do Sul – Tradição e Inovação de um Povo, Cícero Aragon, proprietário da porto-alegrense Infoco Filmes, vai representar 12% do valor global do projeto, orçado em R$ 774 mil. A proposta teve a aprovação da Agência Nacional do cinema (Ancine) para poder captar recursos por meio de leis de incentivo à cultura. Os responsáveis pela produção conseguiram R$ 211 mil pela Lei Rouanet e teriam garantido a contratação de outros R$ 250 mil, que ainda não foram captados, junto à iniciativa privada. Com os R$ 100 mil da prefeitura, a soma chega a R$ 561 mil, faltando ainda R$ 213 mil para fechar a conta.


Apesar de ainda não ter captado toda a verba, Aragon garante a exibição do filme em junho, em uma sessão gratuita projetada em telão na Estação Férrea, para assinalar as comemorações pelos 100 anos da cidade e da chegada do trem, 120 de existência como município e 135 anos de imigração italiana.

– Estamos projetando cerca de R$ 100 mil ou talvez um pouquinho mais para fazer toda a publicidade de divulgação e o lançamento do filme. Com esse repasse da prefeitura, temos condições de finalizar o trabalho de edição e apresentar o documentário no final do mês de junho – prometeu Aragon.


As cenas e imagens já foram todas gravadas entre fevereiro e março deste ano, cabendo apenas o trabalho de edição. Os idealizadores projetam desenvolver o filme em três idiomas, com exibição para 2,5 milhões de espectadores. Para reforçar os argumentos, os produtores apresentaram um trailer de cerca de três minutos para todos os vereadores. O conjunto mostra a Caxias do passado, as suas tradições e progresso com uma interrogação sobre o futuro. As fusões do tempo vão da colônia à indústria, com a conhecida imagem do aço forjado na indústria. Os depoimentos apresentam personagens conhecidos e anônimos de Caxias, como o empresário Raul Randon, e pessoas que cruzam diariamente pelas ruas da cidade.


As projeções balizaram o debate. Os vereadores favoráveis se amparam nas imagens e nos argumentos de Cícero Aragon e do diretor Airton Soares, Comunicação Digital Inteligente (CDI), para defender o repasse nas apostas feitas pela Ancine e Lei Rouanet ao projeto. Os contrários não questionaram a qualidade do documentário e a competência dos produtores, mas a forma e o critério adotado pela administração do prefeito José Ivo Sartori (PMDB) e o secretário da Cultura. Nesse contexto, os oposicionistas fizeram comparação com o montante destinado para o filme e os textos máximos disponibilizados para artistas locais. Os produtores caxienses têm de disputar R$ 22,5 mil como limite do Financiamento da Arte e Cultura Caxiense (Financiarte) e R$ 50 mil da Lei de Incentivo à Cultural (LIC).


O papel principal nesse debate sobre cinema, verba e arte foi ocupado por duas mulheres: a líder do governo, Geni Peteffi (PMDB), e a líder da bancado do PT, Ana Corso. Foram elas as responsáveis por inflar aliados e oposicionistas. As manifestações serviam de munição para a plateia externar sua indignação ou apoio por meio de vaias e aplausos.
– É uma palhaçada o que estamos assistindo. Produtores locais tiveram diversos projetos negados. É um desrespeito do secretário Feldmann e do prefeito Sartori com os artistas locais – acusou Ana.
Geni devolveu:
– A oposição não quer aceitar que a população elegeu outro governo para governar a cidade. Enquanto o prefeito for o Sartori, ele faz o que quiser e vai governar com os secretários escolhidos por ele.
roberto.dias@pioneiro.com
ROBERTO CARLOS DIAS

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