O trololó do coadjuvante FHC por ALTAMIRO BORGES
O ex-presidente FHC está magoado e não consegue mais conter sua língua. Neste fim de semana, ele publicou mais um artigo rancoroso contra Lula e a candidata Dilma Rousseff. Até colunistas da mídia demotucana notaram sua dor. Josias de Souza, da Folha, registrou: “Fernando Henrique Cardoso não parece disposto a cumprir o papel de coadjuvante que o seu partido, o PSDB, lhe atribuiu na eleição de 2010”. Já Dora Kramer, do Estadão, tomou as dores do amigo e espinafrou o “tucanatinho” que trata o pobre FHC como “um cunhado que vive dando vexame”.
É muita maldade! O ex-presidente não foi convidado para a festança de despedida de José Serra do Palácio dos Bandeirantes e foi excluído do convite oficial de lançamento da candidatura. “O tucanatinho acha que ele não fica bem na fotografia do vigoroso partido onde vicejam próceres cuja capacidade de distinguir credibilidade de popularidade é nenhuma... Acha que isso os autoriza a jogar no lixo o respeito devido a quem permitiu que o partido iniciasse sua trajetória de vida pela rampa do Palácio do Planalto”, lamentou Dora Kramer, a bajuladora de FHC.
O autoritário fala em democracia
Magoado, o sociólogo da nobreza neoliberal escreveu seu terceiro artigo raivoso em curto espaço de tempo. No anterior, ele cometera a deselegância de rotular Dilma Rousseff de “boneca de ventríloquo”. No deste domingo, ele aproveitou a onda anticomunista para comparar o governo brasileiro ao da China, que combinaria desenvolvimento econômico com partido único. Em tom terrorista, o rejeitado FHC adverte as elites que a eleição de outubro colocará em jogo “a própria concepção do que seja democracia”. Dilma seria a expressão do mais perigoso autoritarismo!
O cínico FHC – que rasgou a Constituição e comprou deputados para garantir sua reeleição, que acionou o Exército contra a greve dos petroleiros, que demonizou o MST e que desqualificou as críticas ao seu governo como “nhenhenhém” – garante que Lula conduz o país a “um modelo de sociedade” autoritário, de “pensamento único”. Para ele, a candidatura Dilma Rousseff seria o ápice desta orientação, “que se descola da tradição democrática brasileira, para dizer o mínimo”.
O neoliberal ataca o desenvolvimento
O neoliberal – que desmontou o Estado, a nação e o trabalho, paralisando a economia e causando recordes de desemprego – ainda condena a política desenvolvimentista do atual governo. Feroz inimigo de Getúlio Vargas, FHC agora descarrega seu ódio contra Lula, que estaria patrocinando “uma forma de capitalismo na qual o governo e as grandes corporações, especialmente públicas, unem-se sob a tutela de uma burocracia permeada por interesses corporativos e partidários”. Ele parece incomodado com os índices de crescimento econômico e de geração de emprego e renda.
Oportunista, FHC também dispara bravatas. Ele critica “as alianças feitas sem preocupação com a coerência político-ideológica”. Será que está se referindo a aliança entre tucanos e demos, entre os neoliberais “modernos” e a oligarquia conservadora, criada na estufa da ditadura militar? Ele ataca ainda a “leniência com a corrupção”, talvez numa autocrítica atrasada sobre os seus rasgados elogios ao governador José Roberto Arruda, o “vice-careca” de Serra que permanece preso. Mais sujo do que pau de galinheiro, o ex-presidente insiste em vender a imagem de paladino da ética.
Enterrado em vida pelos seus
Como ironiza o sociólogo Emir Sader, o ex-presidente não vai parar com o seu “trololó” – para usar expressão recente do tucano José Serra num acesso de raiva contra os professores em greve. “O tamanho da vaidade de FHC parece ser o maior adversário de seus correligionários de partido e ex-colegas de governo... Ele não agüenta ver o seu governo atacado e não contar com ninguém que o defenda – como aconteceu no segundo turno de 2006... Eles se deram conta que aceitar a comparação entre os dois governos – o de Lula e o de FHC – é o caminho seguro da derrota”.
“Triste figura a do FHC. Rejeitado por seus correligionários, pela rejeição que sofre do povo brasileiro, funciona como clown, como personagem folclórica, lembrança de um passado que o governo luta para terminar de superar e a oposição para tentar esquecer e apagar da recordação dos brasileiros. Escondido pelos seus, repudiado pelos seus adversários, enterrado em vida pelos seus, tomado como anti-exemplo por seus adversários”, conclui Emir Sader.
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