Vereadores discutirão repasse, hoje, na sessão do Legislativo Caxias do Sul – A doação de R$ 100 mil por parte da Secretaria Municipal da Cultura para financiar parte do documentário Caxias do Sul – Tradição e Inovação de um Povo deixou em polvorosa setores cinematográficos caxienses. O projeto de lei autorizativo entrou na pauta da Câmara de Vereadores na terça-feira. A líder da bancada do PT, Ana Corso, apresentou pedido de vista de um dia para tentar reverter a decisão junto ao governo, mas o movimento não terá qualquer efeito prático.
A matéria deve voltar à discussão em plenário hoje e ser votada terça-feira, conforme assegurou a líder do governo, Geni Peteffi (PMDB), ao secretário da Cultura, o peemedebista Antonio Feldmann. Ontem, uma comissão de vereadores formada por Ana, Rodrigo Beltrão (PT), Daniel Guerra (PSDB) e Renato Nunes (PRB) estiveram reunidos com Feldmann para expor a contrariedade. Ouviram do gestor inúmeros argumentos em defesa do repasse.
– É uma temeridade a aprovação imediata desse projeto. Estaremos passando um cheque em branco para uma produtora de Porto Alegre e não temos todas as informações sobre esse documentário. Questionamos o critério e o método e não o mérito – criticou Ana.
Depois de aprovada pela Câmara, a verba deverá ser repassada a Cícero Aragon dos Santos, produtor executivo do projeto pela Infoco Filmes de Porto Alegre para a produção do longa metragem em HDTV, com 80 minutos. A promessa dos idealizadores é exibir o documentário para o mundo. O projeto total está avaliado em R$ 774 mil e foi aprovado pela Agência Nacional do Cinema (Ancine) para poder captar recursos por meio de leis de incentivo à cultura. Os responsáveis pela produção já conseguiram R$ 211 mil pela Lei Rouanet e R$ 150 mil captados junto à iniciativa privada. A obra está prevista para ser lançada em junho, para as comemorações de 100 anos da cidade e da chegada do trem, 120 de existência como município e 135 anos de imigração italiana.
Surpreendido pelo repasse de R$ 100 mil, terça-feira, o produtor da Spaghetti Filmes, Lisandro Stallivieri, foi à Câmara no papel de protagonista para pressionar os vereadores sobre os critérios adotados. Nas queixas de Stallivieri, surgem perguntas como: por que os produtores locais têm de disputar R$ 22,5 mil como teto máximo do Financiamento da Arte e Cultura Caxiense (Financiarte) e R$ 50 mil da lei de incentivo à cultural (LIC), enquanto produtoras de fora são contempladas com R$ 100 mil sem qualquer concorrência?
– Queremos saber os critérios. Não estamos questionando qualidade e competências – ressalta Stallivieri.
O produtor caxiense reclama que tem dois projetos de longas metragem em produção, sendo um de ficção de caráter internacional no valor de aproximadamente R$ 1 milhão, e não pode contar com ajuda do poder público além dos R$ 22,5 mil do Financiarte ou dos R$ 50 mil da LIC.
roberto.dias@pioneiro.com
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