Mais um fato acalora a discussão em torno da concessão de R$ 100 mil do orçamento municipal para a produção do documentário sobre Caxias. A proposta, que será será votada amanhã pela Câmara de Vereadores, é refutada por três dos integrantes da Comissão de Avaliação, Seleção e Fiscalização do Financiarte. Nika Ferronato, Marcelo Mugnol e Emílio Caio Ferraso entregaram, agora há pouco, uma carta ao secretário de Cultura Antonio Feldmann, desvinculando-se da função. Alegam desrespeito às instâncias consultivas da cultura local. Leia a íntegra da carta:
Ao senhor secretário da Cultura Antonio Feldmann
Ao solicitar o repasse de R$ 100 mil para a produção do documentário Caxias do Sul _ o Filme, o secretário de Cultura, senhor Antonio Feldmann desmoraliza instrumentos de avaliação e seleção de leis de fomento como o Financiarte e Lei Municipal de Incentivo à Cultura (LIC). Esse é o pensamento de três dos cinco membros da Comissão de Avaliação, Seleção e Fiscalização do Financiarte, da área de cinema e vídeo.¶
Nika Ferronato (coordenadora) e Marcelo Mugnol (vice-coordenador), ambos indicados pelo senhor Antonio Feldmann para compor a comissão a partir de 2009 até o final deste ano, tiveram a adesão de outro membro, Emilio Caio Feraso. Os três entendem que a atitude de Feldmann é autoritária e irresponsável, porque descredencia o próprio instrumento municipal que tem como finalidade dar credibilidade ao repasse de verbas do governo aos artistas locais.
De que serve o trabalho de ler uma série de projetos, avaliar suas viabilidades, ponderar os custos, fazer ressalvas quanto a possíveis superfaturamentos, enfim, de que vale o trabalho de uma comissão que prima por valorizar os artistas locais, mas com critério, para que não ocorra mau uso do dinheiro público, se, do dia pra noite, o próprio secretário da Cultura resolve dar R$ 100 mil a quem ele bem entende?
Com esta atitude, entendem Nika, Marcelo e Emilio, o senhor Antonio Feldmann desestimula os próprios artistas a inscrever seus projetos no Financiarte e LIC, porque se forem direto ao Gabinete do Prefeito podem conseguir o dobro ou mais de dinheiro. É triste, porque a própria secretaria desestimula o fomento da arte local, o que chega a ser irônico, em se tratando de uma cidade que carrega o título de Capital Brasileira da Cultura.
Por todos os fatores citados acima, Nika, Marcelo e Emilio, a partir da data de hoje, não fazem mais parte da Comissão, Avaliação e Fiscalização do Financiarte.
Caxias do Sul, 12 de abril de 2010.
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